Chamada para dossiê - Emancipações e Pós-Abolição: histórias de experiências negras

11.01.2023

Aos 135 anos da abolição da escravidão é indiscutível o avanço da historiografia nos debates sobre o tema das emancipações e do pós-abolição. A partir, principalmente dos anos 1980, novas fontes documentais e abordagens foram incorporadas às pesquisas sobre as experiências de liberdade em contextos de escravidão, trazendo à tona uma diversidade de formas de estratégias, negociações e/ou acomodações que marcaram as relações na sociedade brasileira. Não haveria como revisitar as fontes documentais e abordagens sobre tais conjunturas sem que isso impactasse as análises sobre o cotidiano, costumes, resistências, acomodações, solidariedades, relações raciais, movimentos abolicionistas, mundos do trabalho e o pós-abolição, ou seja, sobre as experiências de vida das gentes negras. Novos atores, fontes, temáticas e estratégias de pesquisa vêm consolidando a história das emancipações e do pós-abolição como uma área profícua de estudos e debates na historiografia brasileira. Campo ainda em construção e que suscita questões a serem debatidas, como por exemplo, o que significa pensar o pós-abolição como problema histórico? Ou, ainda, qual o impacto político da historiografia das emancipações e do pós-abolição em outras áreas historiográficas? 

A Revista Escrita da História em parceria com o Grupo de Trabalho Emancipações e Pós-Abolição em Minas Gerais, da Associação Nacional de História/ANPUH, ao propor o “Dossiê Emancipações e Pós-Abolição: histórias de experiências negras”, procura congregar pesquisas com foco nas configurações sociais estabelecidas no pós-abolição e nos processos de construção e ampliação da liberdade, com recortes cronológicos anteriores e posteriores à lei de 13 de maio de 1888 no Brasil. Também interessa à presente proposta, oferecer um espaço dedicado à ampliação da relação entre pesquisadoras/es e professoras/es da educação básica e de universidades, bem como de outros espaços educativos, interessadas/os nas narrativas das emancipações e do pós-abolição e na desconstrução dos discursos hegemônicos que desenvolvam saberes emancipatórios no âmbito do antirracismo na educação básica e no Ensino de História. Estudar tais trajetórias possibilita que histórias de experiências negras sejam incorporadas à história das lutas pela ampliação da cidadania em período posterior – e também anterior – à Abolição da escravidão. Ressaltamos a importância das pesquisas que tem por foco essas temáticas e suas conexões com as discussões políticas e educacionais contemporâneas nas quais as questões relacionadas à diversidade, às relações étnico-raciais e ao racismo são pontos fulcrais para a preservação e ampliação da cidadania no Brasil.

Prazo limite para recebimento de artigos: 2/4/2023